Saia Curta e Consequências - Uma comédia romântica -
Saia Curta e Consequências é uma das mais surpreendentes comédias românticas que descobri nos últimos tempos! Tive o prazer de assistir ao espectáculo em Paris, dirigido pelo próprio autor (e com ele no papel masculino) e pude ver o sorriso estampado durante pouco mais de uma hora em todas as caras da assistência – a minha incluída!
O texto de Hervé Devolder, escrito e estreado em 2008, pode induzir-nos em erro pelo seu título – Saia Curta e Consequências. Tomado desprevenidamente, podemos ser levados a pensar que estamos perante uma banal comédia brejeira onde, pela enésima vez, iremos ouvir as mesmas piadas sobre engates, declarações, ciúmes e romances de cordel, repetidos à exaustão. Nada mais errado. Devolder dá-nos a ver e ouvir um fresco renovado e renovador
sobre as nossas eternas contradições amorosas.
Partindo da situação mais simples que se possa imaginar em teatro (quantas vezes, mas quantas, não propus eu aos meus alunos o eterno tema de improvisação entre duas pessoas num banco de jardim…?!) ele desenvolve um diálogo que nos deixa literalmente em “apneia sorridente” durante mais de uma hora.
Duas personagens cruzam-se num jardim (Central Park em Nova Yorque? Jardim da Estrela? Anónimo em qualquer lugar? Imaginário dos nossos sonhos?). Ela, de mini-saia, vem só à espera dum pretexto para descarregar em cima dos homens toda a sua raiva contra a “mulher- objecto”. Ele, apanhado em flagrante delito e clamando inocência acaba, involuntariamente, por representar todos os machos atacantes.Este é o ponto de partida.
Mas as personagens depressa se revelam múltiplas. Ela passa de atacante a personagem que nos inspira a maior compaixão nas contradições que revela, e ele, de personagem atacado e incapaz de despir a sua condição de homem conquistador, logo nos faz ver a sua natureza complexa de homem frágil na tentativa de redefinir e renovar os modos de amar. Da descoberta deste texto à ideia de desafiar a Cláudia Vieira para o transformarmos no espectáculo da sua estreia em palco foi um passo. Óbvio. Porque esta “saia curta”transporta, tal como a Cláudia, uma sensualidade mas também uma assumida provocação, uma atracção sensível mas também uma atitude de presença consciente e responsável, um cliché mas também uma reflexão refrescante sobre o amor (e os seus desamores…).
Sensualidade. Provocação. Atracção. Um encontro. Contradições e surpresas...
Uma comédia refrescante sobre o amor absoluto.
« Gosta do meu rabo ? Não pára de olhar para ele é porque gosta ! »
Antes de ter tempo para uma resposta, o nosso personagem masculino, sentado a ler o seu artigo de economia, num banco de jardim, vê-se confrontado por aquela mulher revoltada com os homens. Ela, decidida a ajustar contas com o primeiro que lhe aparecer, lança-se num desafio arriscado que passará por ameaças, declarações e até confissões inesperadas.
« Você vem de saia curta… porque está calor. E de botas altas… porque está frio »
Depois de um primeiro round claramente derrotado, o homem mostra-se capaz de contestar e de elaborar o seu contra-ataque. E a situação torna-se ainda mais surpreendente. As duas personagens vão agora a caminho dum “encontro” que mudará as suas vidas para sempre.
O texto de Devolder mostra-se no seu esplendor, cheio de surpresas. Aquilo que poderia ser um banal momento retirado de um qualquer texto de revista, eleva-se e leva-nos com ele, fazendo-nos rever e reflectir sobre a nossa própria alcova e sobre as nossas relações com o sexo oposto. O amor é visto e analisado de todos os ângulos, e descobrimos que a procura pela Paixão absoluta, que todos alimentamos secretamente, é, afinal, o tema central da nossa peça.
E sorrimos e rimos, durante pouco mais de uma hora, de nós e de todos os nossos amores que ali vemos dissecados, partindo com o secreto desejo de passar por um qualquer banco de jardim e termos a oportunidade de vivermos o nosso « encontro ».
- Ficha Técnica e Artística -
Autor – HERVÉ DEVOLDER
Versão portuguesa – HIRONDINA CAVACO e PAULO MATOS
Intérpretes:
CLÁUDIA VIEIRA – Luisa/Benvinda
LUÍS GASPAR – João/Eduardo
PAULO MATOS - Jardineiro
Encenação e Versão Cénica – PAULO MATOS
Cenografia – BRUNO GUERRA
Figurinos – JOSÉ ANTÓNIO TENENTE
Desenho de luz e som – PAULO SANTOS
Artwork – ANTONIO LOBO
Comunicação e Marketing – MADALENA BRAGA VIDAL
Direcção Geral e Produção – DÉCIMA COLINA, Lda
Co-produção – AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO
Apoio – TEATRO DA TRINDADE
Classificação etária: M/12
Duração: 75 minutos sem intervalo
Dias: 23 de Maio - 22h00 / 24 de Maio - 17h00
Preços: Plateia - 15€ 1º Balcão - 20€
Bilhetes à venda:
Bilheteira São Mamede C.A.E
Lojas Fnac
Ticketline
Lojas Worten
Agências de Viagens Abreu
Livraria 100ª Página - Braga
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