terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Passagem de Ano 2009/10




Abertura de Portas - 22h00

15€Acesso a duas áreas:
Galeria Piso 0
Sala Principal

Buffet:
Mesa de Frutas
Mesa de Doces
Salgados Vários


25€ (lotação Limitada)

Acesso a todas as áreas:
Galeria Piso 0
Sala Principal
Café Concerto
Palco

Buffet:
Mesa de Mariscos
Mesa de Queijos
Mesa de Frutas
Mesa de Doces
Salgados vários
Pratos Quentes
Bebidas

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Exposição de Pintura - 4 de Dez de Rosário Forjaz



Inauguração - 4 de Dezembro 22h00


Convivermos com o que não sabemos definir é melhor do que sabermos tudo.


Os desenhos que se apresentam foram realizados, na sequência de Herbário de Gestos, série de desenhos exposto em 2008 no Circuito Miguel Bombarda no Porto (na Galeria Plumba). Herbário de Gestos, ao materializar opções metodológicas e temáticas tomadas no enquadramento de uma prática pessoal contextualizada ao mestrado em Teoria e Prática do Desenho (efectuado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 2009), dá continuidade aos projectos anteriores em torno do conceito de paisagem e abre o campo reflexivo que, Convivermos com o que não sabemos definir é melhor do que sabermos tudo propõe.
A convocação do desenho, como o lugar físico e conceptual de confluência de uma experimentação em processo, compromete uma postura crítica e analítica nos seus discursos de legitimação. Compreender esse poder de perturbar e evocar o que não está presente; como e sob que perspectivas a semântica cognitiva incorpora e transmite a(s) acção(ções) veiculados a uma determinada mecânica perceptiva que estrutura cada gesto transferido para o desenho, são algumas das premissas inerentes aos processos gráficos latentes nesta exposição.
O gesto é entendido como um medium que dá a ver. A vivência quotidiana com práticas de jardinagem no espaço doméstico desenvolve correspondências entre diversos domínios da dimensão simbólica, seja na vertente da comunicação artística seja na botânica. A transversalidade de práticas aflora questionando, mais do que práticas ambientais, existenciais. Algumas características que interessam à hermenêutica dos fenómenos gráficos, constituem a razão para o recurso e nomeação de certos actos performativos.

Em 2008, os registos a aguarela, centrados nas raízes tuberosas de uma única espécie as Dahlia remetem para o arquivar de um gesto que se fixa na fase de crescimento embrionária. O rizoma. Os aspectos morfológicos centrados nos tubérculos, procuram na apreensão do movimento suspenso de gestação da espécie botânica, incorporar tensões ocultas através de uma gestualidade encontrada. Em Herbário de Gestos, cada registo, cada marca, cada incisão ... procura expor o lado oculto que se antecipa na morfologia da espécie em crescimento vertical.
Na metamorfose do crescimento, a semente liberta a fixação da espécie botânica ao solo. A semente antes situada na posição inferior do caule, absorve as substâncias que alimentam o corpo superior desabrochando em configurações antes em reserva. No conjunto de séries desta exposição, a amplitude acromática, a disparidade formal, as incisões que sulcam o suporte papel, ou o fulgor de uma tensão que se esvai, são entre outras representações matéria viva deixada a descoberto. Na cadência das estruturas processuais, a dimensão temporal constitui um território que determina cada acontecimento na ritualização de uma acção reiterada.
A mão ao transferir um fragmento memorizado e repetido uma, duas e três vezes, no caso de séries como, Orquídeas, Ammaryllis Hippeastum, (entre outras espécies), exterioriza o que através da extensão do corpo e da mente corresponde à amplitude dos sistemas de significação. Em cada série, cada gesto procura cruzar os conceitos de representação gráfica com a acção que a sustenta. No vagar das horas de tempo contado, do rizoma à fluorescência, o gesto protagoniza o contágio motor e dá corpo a diferentes modos de expressão gráfica. A repetição de um gesto arquivado na memória convoca procedimentos em que a complexidade e a síntese caminham em paralelo. Esta dicotomia toca a inefabilidade de um sentimento.
O grande desenho, Dahlia em 60 minutos (55,6x224cm) realizado com os instrumentos riscadores – o pincel chinês e a pena gráfica – a grafite, os pigmentos sépia e azul cobalto, o papel acetinado Windsor & Newton de 220gr e 100% de algodão, expõem na aquosidade da tinta e na pulsão gestual, a contracção e a expansão de cinco gestos sequenciais. O conjunto sequencial, em 3 tempos, Orquideas #1, (59,4 x 126 cm) entre outras séries que se apresentam na exposição, perspectiva a amplitude e a exploração do tema central do gesto no desenho, através de estratégias processuais vinculadas aos conceitos da repetição e do inefável.
No intervalo de um tempo pré determinado, cada movimento do corpo, do olhar, descobre o interstício, revela a contenção das pausas, a mímica de um gesto fugidio, a efemeridade espartilhada no antes, no durante e no depois. O desenho vive de gestos antecipados, mimetizados e inventados no momento em que se encenam. A libertação das primeiras estruturas diagramáticas despoleta na repetição, o conhecimento da duração, da aceleração e da intensidade de cada marca. Se nos primeiros desenhos de cada série, a dimensão temporal está em sincronia com um movimento gestual cauteloso e controlado nos segundos momentos de representação em cada série, o traço solta-se. À redução do valor da descoberta, contrapõem-se marcas que no inesperado dos beats e dos toques, expressam a carga emocional dos traços alla prima. Nas fases em que a forma se vai interiorizando e coordenando, pressente-se o cruzar de uma espontaneidade redutora que cruza um domínio onde a objectividade formal se redime. Em certos casos, o gesto revela a sintetização formal do referente. Nestes registos repetidos, realizados depois dos outros, pressente-se a dualidade entre o cansaço de um gesto mecanizado e em contrapartida uma maior naturalidade que dá a ver a essência da subjectividade do sujeito. A serialidade ao configurar o processo materializa a imagem global.
A sobreposição de categorias denotativas com conotativas, na suspensão do acto de ver, convoca no outro que contempla o despojar do que conhece. É no frente a frente que questiona e procura respostas aos sentimentos que assaltam o espírito, que nos deixamos levar apaziguados pela compreensão de uma indefinição que encanta. A acepção de uma poética do desenho adopta o inexplicável como a razão suprema da criação.

Rosário Forjaz, 5 de Novembro de 2009

Galeria - Piso 0
Entrada Livre